segunda-feira, 14 de abril de 2014

Turismo, hospitalidade e a Parada LGBT de São Paulo

Ao tratar-se da parada do orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) na cidade de São Paulo, constata-se uma íntima ligação entre o evento e a movimentação do trade turístico - restaurantes, bares, boates, hotéis, etc.
Segundo a SPTuris - São Paulo Turismo (2008) a parada LGBT, no ano supracitado, caracterizou-se como o segundo maior evento em movimentação econômica com o turismo na cidade, gerando aproximadamente R$ 189 milhões. Tais dados apontam a importância de se pesquisar a relação entre o turismo e a parada LGBT, bem como as relações estabelecidas nos espaços de consumo e de sociabilidade envolvidos com o evento. Para tanto, um dos possíveis locais a serem explorados, são os meios de hospedagem que recepcionam o público da manifestação.
Parada LGBT de SP.
Crédito/fonte: Comunicação da São Paulo Turismo
Alguns autores definem hospitalidade como uma relação social que está além da ação de hospedar. Para eles, a hospitalidade estabelece uma troca de benefícios mútuos para o anfitrião -aquele que hospeda e seu visitante - o hóspede. Outros ainda colocam que tal relação, ao promover o encontro de culturas distintas, confere um crescimento pessoal aos atores envolvidos.
Posto isso, considera-se que tais indivíduos, com princípios distintos, serão questionados sobre seu ser e sobre sua identidade nesse encontro, afinal, a hospitalidade depende do reconhecimento da cultura por parte do anfitrião, ou seja, o mesmo deve compreender aqueles que recebe. Os hotéis conhecidos como gay-friendly ou amigáveis ao público gay, entendidos como locais onde seus clientes podem manifestar suas sexualidades, podem interferir na produção de sentidos e significados para os participantes do evento que usufruem de seus serviços, e ainda auxiliar na construção de uma cultura, haja vista a idéia de que os espaços são locais de interação e construção de uma cultura coletiva.

Uma das principais redes hoteleiras mundial, a qual possui diversos hotéis em São Paulo, aplica um treinamento a fim de que seus funcionários conheçam um pouco das particularidades de cada segmento que recepcionam, inclusive o LGBT. De forma a cumprir com um dos requisitos da hospitalidade apresentado acima - o reconhecimento daqueles que hospeda. Diante disso, nota-se outra perspectiva a ser explorada, a contribuição que os espaços de consumo e sociabilidade, em que exista de fato a hospitalidade, podem dar ao movimento LGBT. 

*Texto publicado em 04/05/2010 no Jornal Cruzeiro do Sul, na página 4 do caderno Turismo.

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